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segunda-feira, novembro 29, 2010

Ode ao Samba


O samba é o sangue que corre nas veias da nossa cultura,
o sangue que foi derramado sobre as paredes das senzalas,
o sangue chorado pelo coração de cada negro acorrentado nos engenhos,
o sangue derramado sobre as cabeças dos nossos poetas
e iluminado por suas ideias,
o sangue embebido na alma do Brasil.
O samba é a mãe da bossa nova e pai da mpb,
a raiz da árvore que carrega os frutos da nossa cultura
saboreado por cada um de nós e envenenado
pelo hip hop, pelo rap, pelo funk e pelo rock.
Que saudade do samba.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Um Novo Deus

É muito comum, em debates e discussões intelectuais, que as pessoas discutam sobre a influência que a religião infringe nos cidadãos do mundo ocidental hoje - em especial no espaço Brasileiro - e na maioria das vezes se chega à mesma conclusão: a religião está sendo “esquecida” e suas pregações estão sendo cada vez menos seguidas.
                Raramente encontramos pessoas que frequentem algum tipo de culto exotérico ou até que seguem suas crenças “religiosamente” – dizendo-se pertencer a certos meios religiosos, enquanto não os praticam - como o famoso "cristão não-praticante".
                Todo aquele poder que exercia a igreja católica sobre seu fiel, a influência e a imposição de valores morais, da época medieval aos tempos modernos, entrou em processo de degradação. Todos os antigos “valores” impostos estão sendo trocados, enquanto as pessoas desligam-se cada vez mais de suas peregrinações. A questão é: por quê?
                A resposta torna-se estritamente complexa, mas há uma evidência oblíqua, se levarmos em consideração a “essência” de qualquer religião. Para isso devemos retomar nossos primórdios, quando surgiram os primeiros contatos do homem com uma divindade.
O homem é ciente que sua vida terrena terminará, o que o leva a crer que o mundo um dia será exaurido, como todas as coisas que o cercam materialmente. Ao retirar da natureza itens a seu benefício e a criar uma tecnologia, o ser humano sentia medo de esgotar suas matérias primas, portanto sentia-se na obrigação de compensar a natureza de alguma forma. Essencialmente, o papel da religião era o de livrar o ser humano da culpa da destruição da natureza através de rituais e compensar os estragos da natureza de alguma forma. Nas religiões primitivas eram usados como forma de compensação e redenção os sacrifícios humanos (aos deuses venerados), oferendas, e outros tipos de manifestações. Portanto, pode-se dizer que a religião é fruto do medo do ser humano do possível “fim” do mundo que conhecemos, da devastação total.
                Agora, voltemos ao ponto central: O fato é que as pessoas do mundo ocidental atual não precisam mais de uma religião com normas e ritos a serem realizados, uma vez que a ecologia ganhou um espaço maior na sociedade. Com as descobertas mais recentes da ecologia foi possível saber como reparar os danos causados à natureza pelo homem. Hoje temos campanhas contra a poluição em toda parte, indústrias “mais verdes”, temos os vegans, os ambientalistas. Há uma gama de soluções biológicas possíveis para o reparo dos estragos causados à natureza, o que dispensa a necessidade de uma religião em seu objetivo de reposição da vida terrena ou mantenedora dos que aqui habitam. Assim, a ética que se prega também é modificada – jogar lixo nas praias não é tão ruim assim, pois alguém o pegará. Cortar uma árvore também não deve ser considerado pecado, não deve ser crime: ela pode ser substituída por outra, pelas mãos do próprio homem.
                Em suma: a ecologia, em termos, surgiu como substituinte à religião, posto que agora é papel dela consertar os danos causados à natureza, dando uma explicação mais lógica aos seres humanos de como fazê-lo. Ou seja, o iluminismo vem mudando não só os bolsos e carteiras, mas também a cabeça da população. Afinal, o que é ser “humano”?

Voz

Sete
Caveirões
subiram o morro.
Buscavam gente modesta,
que da pobreza não faziam festa,
mas de tanta injúria, fizeram revolução.
Subiram sete contra setenta, arma contra pão.
E da face da Valentina, da Sofia, da Andréa, do João,
fizeram, de próprio peito, própria alma, próprio sangue pobre coração,
escreverem às paredes mais uma tristeza, mais um samba, mais uma dor e uma só canção.

[Rio, novembro de 2010].

Dica de Filme

SINOPSE

Ao ouvir no rádio que a cantora brasileira Gloria Baker havia morrido num acidente de carro na Itália, o cineasta Dico resolve fazer um documentário sobre o quarteto de bossa nova Os Desafinados, formado por amigos seus de juventude e do qual Gloria participara como cantora. Para isso, Dico reúne os sobreviventes do grupo numa boate de Copacabana, onde eles costumavam se encontrar nos anos 60. Da memória deles e das imagens em preto e branco feitas por Dico na época, ressurge a história do pianista Joaquim (Quin), do saxofonista Davi, do baixista Geraldo e do baterista PC.

TÍTULO ORIGINAL: Os Desafinados
LANÇAMENTO: 2008-08-29
DIREÇÃO: Walter Lima Jr.
CO-PRODUÇÃO: Globo Filmes, Tambellini Filmes, Imagem Filmes, Cine Tempo, Urca Filmes, Magno Filmes
DISTRIBUIÇÃO: Downtown Filmes

quarta-feira, novembro 24, 2010

Soneto da Libertação

Se eu vivesse só, vagando a pensar
em minha mente frígida esquecida,
desejaria o sonho e não a vida,
como cálida noite de luar.

Desejaria a morte e sonharia
os braços do anjo negro a me abraçar
e ninguém mais chorando o meu pesar,
Onde a vida o meu corpo consumia

Esvaindo o pesar de minha carne
minha alma adora rir das que estão vivas,
Então suplico para a morte dar-me

Todos os cravos e rosas amigas,
Para que minha alma descanse em paz
longe da amargura que a vida traz.

terça-feira, novembro 23, 2010

Desconcerto

Nas ruas, enquanto dormem os cachorros,
Dormem também meninos.
Os cachorros têm raça – até os vira-latas.
Os meninos não têm nome, e se tem raça, humanos não são.
Mas também não são cães, embora tenham coleiras,
Que os prendem pelas mãos e cabelos,
E pelos olhos e pela barriga.
Os cachorros não comem dos meninos – apenas correm.
Os meninos também não comem os cachorros.
E os dois, harmoniosamente, brigam pelo lixo.
E assim os dois vivem, cada qual no seu canto:
Enquanto adotam-se cachorros, e eles comem,
Os meninos sem raça morrem.

segunda-feira, novembro 22, 2010


Urbanização
“Leva meu carro, a carteira, o celular – mas não leva minha alma!”
Que diabo de pecado é esse que as pessoas temem pagar?

Tirinha

Clique para ampliar.
Idealizada por Cadu, desenhada por Pedro.

O Ateneu


Afinal, o que querem eles?
Escrevo cá alguns segundos após assistir ao noticiário. Afinal, que são os nossos bandidos? Acabo de assistir a uma reportagem onde alguns homens (marginais, segundo um “policial”, responsável por salvaguardar a pátria – e patrimônios - brasileira) incendiaram alguns carros. Então eis que surge a dúvida – que é a mesma que ronda os guardadores - o que eles querem enfim?
Pensam sobre transferências de presidiários, ou reação a alguma outra coisa. E assim sempre foi. Exclui-se a culpa da falta de inclusão social colocando-a em “xeque-mate” aos crimes do dinheiro. Vivemos, como todos vocês sabem, em sociedade não classificativa, mas sim exclusiva, onde o valor monetário se vale sobre o valor moral, o valor humano de cada. Somos todos iguais, braços dados ou não. Estamos todos juntos, vivendo sob o mesmo céu e sobre a mesma terra.
                Chama-se de meliantes àqueles que, de uma maneira ou outra, vivem de maneira “diferente” da proposta pelo atual regime. E, mesmo que chamado de democracia, fazê-lo crer que funciona de forma igualitária aos aqui viventes é ser mais que utópico – é ser ingênuo. Basta andar às ruas e observar as pessoas olhando “de cara feia” aos que são diferentes. E aqui não cabem os cabeludos ou os de camiseta do “Che”. Simplesmente aos que pedem esmola ou andam por aí cambaleando, apoiando-se às placas que servem para os possantes carros passarem. O que vale mais, os oitenta mil reais que foram pagos para incluir-se ou a vida como deve ser, escrita de próprio punho?
                É lógico, e claramente observável, – e não remediável – que aqui caberia outra discussão, mas deixá-la-ei para outro tempo, para outra cabeça.
                Pois chegando ao meu princípio vos digo: O que separa um revolucionário de um criminoso? Ou seriamos nós todos criminosos?
                Penso que atear fogo a carros é, realmente, deplorável. Mas quando teriam voz estes que citei antes, senão quando chamados de “meliantes”? Voltando aos primórdios de nossa nação brasileira que exalto (ou de nosso “Povo Brasileiro”, como diria Darcy Ribeiro) vê-se, claramente, o fator de discordância social. Nossos indígenas viviam em tribos e, os que discordavam das “regras” (que eram “includentes” por sua natureza) formavam outras. Simplesmente. Tinha-se o território todo a explorar, a viver. E partindo-se da solidão, formar seu povo
                Mas, como sabemos, tudo que é doce se acabou (perdoem-me o clichê, mas aqui ele serve). Embora “incluir” nunca fora integral de nossos princípios, hoje observa-se inclusão de uns e exclusão de outros. E aqui não cabem minhas palavras, apenas vossas conclusões.
               Assim relatado e já entendido, creio que percebam minha conclusão. O que separa um “criminoso” de um revolucionário? Que fique a vós as conclusões.