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sexta-feira, novembro 26, 2010

Um Novo Deus

É muito comum, em debates e discussões intelectuais, que as pessoas discutam sobre a influência que a religião infringe nos cidadãos do mundo ocidental hoje - em especial no espaço Brasileiro - e na maioria das vezes se chega à mesma conclusão: a religião está sendo “esquecida” e suas pregações estão sendo cada vez menos seguidas.
                Raramente encontramos pessoas que frequentem algum tipo de culto exotérico ou até que seguem suas crenças “religiosamente” – dizendo-se pertencer a certos meios religiosos, enquanto não os praticam - como o famoso "cristão não-praticante".
                Todo aquele poder que exercia a igreja católica sobre seu fiel, a influência e a imposição de valores morais, da época medieval aos tempos modernos, entrou em processo de degradação. Todos os antigos “valores” impostos estão sendo trocados, enquanto as pessoas desligam-se cada vez mais de suas peregrinações. A questão é: por quê?
                A resposta torna-se estritamente complexa, mas há uma evidência oblíqua, se levarmos em consideração a “essência” de qualquer religião. Para isso devemos retomar nossos primórdios, quando surgiram os primeiros contatos do homem com uma divindade.
O homem é ciente que sua vida terrena terminará, o que o leva a crer que o mundo um dia será exaurido, como todas as coisas que o cercam materialmente. Ao retirar da natureza itens a seu benefício e a criar uma tecnologia, o ser humano sentia medo de esgotar suas matérias primas, portanto sentia-se na obrigação de compensar a natureza de alguma forma. Essencialmente, o papel da religião era o de livrar o ser humano da culpa da destruição da natureza através de rituais e compensar os estragos da natureza de alguma forma. Nas religiões primitivas eram usados como forma de compensação e redenção os sacrifícios humanos (aos deuses venerados), oferendas, e outros tipos de manifestações. Portanto, pode-se dizer que a religião é fruto do medo do ser humano do possível “fim” do mundo que conhecemos, da devastação total.
                Agora, voltemos ao ponto central: O fato é que as pessoas do mundo ocidental atual não precisam mais de uma religião com normas e ritos a serem realizados, uma vez que a ecologia ganhou um espaço maior na sociedade. Com as descobertas mais recentes da ecologia foi possível saber como reparar os danos causados à natureza pelo homem. Hoje temos campanhas contra a poluição em toda parte, indústrias “mais verdes”, temos os vegans, os ambientalistas. Há uma gama de soluções biológicas possíveis para o reparo dos estragos causados à natureza, o que dispensa a necessidade de uma religião em seu objetivo de reposição da vida terrena ou mantenedora dos que aqui habitam. Assim, a ética que se prega também é modificada – jogar lixo nas praias não é tão ruim assim, pois alguém o pegará. Cortar uma árvore também não deve ser considerado pecado, não deve ser crime: ela pode ser substituída por outra, pelas mãos do próprio homem.
                Em suma: a ecologia, em termos, surgiu como substituinte à religião, posto que agora é papel dela consertar os danos causados à natureza, dando uma explicação mais lógica aos seres humanos de como fazê-lo. Ou seja, o iluminismo vem mudando não só os bolsos e carteiras, mas também a cabeça da população. Afinal, o que é ser “humano”?

Um comentário:

  1. Pedro, eu estava jantando e meus pais assistindo à novela (eca!), quando eu lembrei da tua ideia. Falaram da riqueza socioeconômica anexando-a à preservação da natureza.
    Ponto pra gente ;)

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